CARTA AO LEITOR: Por: Reginaldo dos Santos (Naldão) — “Foram anos me dedicando com muito amor e carinho na formação de muitos alunos que passaram pelo projeto “Mais Que Vencedores” que oficialmente finaliza por forças maiores: Eu não tenho recursos para continuar fazendo a transformação em nossos jovens através do Jiu-Jitsu e sem investimento da prefeitura no projeto “Mais Que Vencedores” a ação se torna impossível.
Então fica aqui minha despedida com a certeza que deixando um legado registrado na memória de cada um dos alunos, dos pais e colaboradores do projeto. Tenho certeza que fui muito mais que um professor. Aulas junto ao fator humano no qual é essencial no desenvolvimento e na formação de cada cidadão.
Sempre entendi que, ser professor está muito além de receber um salário ou uma mensalidade no final do mês, ser professor vai além dos pódios e títulos. Para mim sempre será uma missão, sabendo que, em muitos momentos você deixará sua vida para ajudar o próximo.
Outros projetos vem por aí, com outros professores, outros instrutores e outras modalidades esportivas e, como uma pessoa que ama nossa cidade, fico na torcida para que estes que terão a missão de educar nossas crianças, não tenham didática de aulas frias e robóticas, não apenas ensine a pratica do esporte, focando apenas na parte da luta. Dialogue com seus alunos, eduque e ensine o caminho certo, fale com clareza e firmeza na hora de se comunicar, mostre que, com o domínio do Jiu-Jitsu, o aluno consegue se manter calmo e confiante, e que brigas, drogas e violências não vale a pena. O importante é saber usar tudo que aprendeu no jiu-jitsu para identificar supostas situações ou problemas e sair delas da maneira mais tranquila possível.
O combate às drogas envolve a conversa olho a olho com o aluno, explicando todo o mal que elas trazem para eles e para suas famílias. Também é importante a luta contra a depressão, oferecendo apoio, sendo o professor um amigo em quem o aluno confia e consegue se desabafar, além de buscar socorro em ligações de madrugada, etc.
Caso contrário, professores que agem diferente, terminam formando pessoas sem humildade, com pensamentos de grandeza e estúpidos, que querem resolver as coisas à força. Isso é lamentável. Infelizmente, esse é o rumo que muitos estão tomando com a arte marcial. O trabalho com as artes marciais vai além disso; é mostrar que a vida tem valor e que todos podem realizar seus sonhos com esforço físico e mental, com Deus à frente. A criança, seus pais, órfãos de pais e mães vivos, muitas vezes não compreendem os filhos e, em muitas situações, não conseguem dar atenção. E há os órfãos de verdade, que sentem falta do abraço verdadeiro e do aconchego humano.
Sou feliz por ser o pioneiro do jiu-jitsu em nossa cidade. Não que eu buscasse ou quisesse ser reconhecido; jamais, tudo que fiz foi por amor, amor que necessitei quando fui criança, sem meus pais presentes, e amor também na adolescência. Eu sei o peso que é viver sem um pai e uma mãe 100% presentes na sua infância. Tive amor pela minha avó e tias nesta fase da vida, mas nada substitui o amor de pais para filhos.
Fica assim, infelizmente, o final do nosso projeto em Tarabai. Talvez, quem sabe, em um futuro eu retorne a dar aulas novamente para nossas crianças, adolescentes e adultos; entendo que, além de tudo que você faça, infelizmente haverá alguns alunos e até mesmo pais ingratos, mas o futuro deixo nas mãos de Deus. Enquanto eu viver e tiver forças, vou carregar o projeto aonde eu for. Deus abençoe vocês todos.
Lembrando que ainda temos os nossos 5 faixas pretas formados pelo projeto. Chegar à faixa preta tem uma estatística: a cada 100 alunos, apenas 1 se forma. Por isso, fiquei feliz em ver que tudo o que foi sonhado lá atrás está se realizando.
E um destes faixas preta é o Vinny Mendes que vai levar o jiu-jitsu para frente em Tarabai. Não da forma que queríamos, mas vai estar no município com uma mensalidade que cabe no bolso de todos os pais que entendem que ali seus filhos terão um bom aprendizado e onde terão um excelente professor. Sou feliz pelos professores que formei e que vão levar nosso jiu-jitsu por onde eles forem. Adriano, em Colorado, já faz isso, e o Vinny, em Tarabai.
Agradecimentos a todos, fiquem com Deus…”
O Jornal Grande – Pautado na Informação e no Desenvolvimento Econômico e Social
Por: Professor de Jiu-Jitsu, Faixa Preta 2 Graus, Reginaldo dos Santos (Naldão)
